O pensamento político de Maquiavel precisa ser analisado dentro do contexto do final da Idade Média, onde o antropocentrismo estava sendo retomado como visão predominante (homem no centro de todas as coisas). Essa visão permitiu o nascimento de uma nova ideia política, onde a liberdade republicana surgiria contra o poder político teológico de papas e imperadores.
Esse contexto abriu portas para o humanísmo cívico (faculdade dos homens de agirem em conjunto pelo bem da cidade), levantando um diálogo político entre a burguesia (que estava desejosa por poder) e a realeza. Houve assim um questionamento do poder absoluto dos reis (como os Médici, em Florência) e desejava-se que um príncipe trouxesse estabilidade e defesa de sua cidade contra ataques vizinhos. Esse príncipe deveria possuir Virtù (ser nacionalista e não mercenário). Maquiavel então conduz a sua obra (O Príncipe) visando o exercício do poder desse governante.
Nicolau Maquiavel chama a atenção por defender que o poder, a honra e a glória são bens que devem ser perseguidos e valorizados, ao contrário da ideia restrita de virtude cristã angelical (livre de tentações). O homem de virtú poderia conseguir bens na terra e deveria lutar por isso, sem ficar almejando recompensas exclusivamente celestiais. A moral não poderia ser um limitador da prática política. O pensamento político de Maquiavel se apoia no conceito de que a estabilidade da sociedade e do governo precisam ser conseguidos a todo o custo.
A diferença entre Maquiavel e os demais cientistas naturais está no constrangimento imposto por suas ideias. Sua originalidade destaca-se pela forma como lidou com a moral na política, trazendo uma visão independente dos conceitos defendidos pela igreja.